Fitch Ratings atribuiu cenário de crédito estável para mineração, telecomunicações e mídia, energia e alimentos.
SÃO PAULO – Apesar de não deixar de apontar alguns desafios pela frente, a Fitch Ratings atribuiu cenário de crédito estável para diversos setores na América Latina em 2011, entre eles mineração, telecomunicações e mídia, energia e alimentos.
Para o setor de mineração, a agência classificadora de risco aponta que as companhias de metais e mineradoras devem manter a estrutura conservadora de capital, mesmo com os significativos planos de expansão em 2011.”As empresas ligadas ao minério de ferro e cobre devem ter o melhor desempenho financeiro entre as mineradoras latino-americanas no ano”, escreve a Fitch.
Segundo a Fitch, as perspectivas positivas para essas companhias devem-se a limitações da oferta de cobre no mercado global e à disciplina de volumes no minério de ferro, “onde a oferta é calculada para atender a demanda”. No caso das mineradoras, a demanda chinesa deve trazer benefícios até 2012.
A Fitch destaca que a performance econômica robusta da região, especialmente no Brasil, levou a uma forte demanda por aço, garantindo assim lucratividade no médio prazo. Entretanto, a agência de classificação de risco também lembra que as siderúrgicas seguem com desafios pela frente, em especial aqueles trazidos pela alta nos preços das matérias-primas. “No Brasil, elevados níveis de importação de aço, devido ao real forte, continuam a ser a principal ameaça para as altas margens de lucro”, afirmou a Fitch.
No entanto, a agência aponta que as companhias brasileiras estão entre as mais lucrativas globalmente, e que devem continuar a gerar margens competitivas, mesmo com a erosão dos lucros no curto e médio prazo. “Programas ambiciosos para expandir a produção interna de minério de ferro devem compensar esta erosão nas margens”.
Telecomunicações e mídia
Já para o setor de telecomunicações e mídia, a Fitch destaca a posição pouco volátil em termos de alteração de rating. A geração de caixa da indústria e a flexibilidade financeira são apontados como fatores positivos para compensar o forte cenário de competição.
“A Fitch espera que as operadoras de telefonia móvel se tornem mais agressivas quanto à expansão de serviços de valor agregado e de banda larga para compensar a estabilização dos serviços por voz”, aponta a agência de classificação de risco.
Além do mais, a previsão de expansão de 4,5% da economia brasileira deve apoiar os fortes resultados da Globo em 2011.
Energia e alimentos
Para o setor de energia, o cenário estável é resultado da expectativa de crescimento da demanda em linha com a expansão da atividade econômica. O aumento da demanda, contudo, também gera necessidade de investimentos para geração de nova capacidade.
“A liquidez das companhias de energia da América Latina continua forte, enquanto o setor encara baixas necessidades de refinanciamento e possui uma estrutura de dívida adequada com o perfil de maturidade de longo prazo”, diz a Fitch sobre o setor .
Já quanto ao segmento de alimentos e bebidas,a forte demanda trazida pelo crescimento da economia também sustenta a perspectiva estável. A Fitch destaca que as empresas do setor na região seguem buscando crescimento e diversificação de produtos através de aquisições, e lembra que o principal desafio é repassar da alta dos preços das matérias-primas ao consumidor.
“Os produtores que exportam são os mais suscetíveis a uma deterioração de perfil de crédito, com preços de insumos em alta e moedas locais em apreciação prejudicando a competitividade de sua estrutura de custos”, diz a agência.
“Uma grande melhora no perfil do crédito não é projetada para as companhias brasileiras durante 2011, apesar do forte cenário macroeconômico no País, que deve levar a um incremento da demanda por proteínas. A geração de caixa livre deve ser fraca ou negativa devido ao aumento das necessidades do capital de giro”, apontou a Fitch.
No caso das companhias de bebidas, a Fitch destaca a forte estrutura de capital das empresas e suas “posições dominantes no mercado”, e diz esperar atividades de fusões e aquisições.
Fonte: Revista InfoMoney